16.8.05


Sêo Zé pegou seu pesqueiro e partiu
Nem sol se via, era pouco da manhã
Sêo Zé levava farinha pra quatro dias
Beijou a mulher e se benzeu

Kurt já voltava da festa
Rosado da pinga e do sol
Levava a morena pra pousada
Pra pousar até o entardecer

E o pesqueiro seguiu no breu
Pelo caminho que já era seu
Foi chegar no alto do mar
Que se encontra com o baixo do céu

E o sol que veio já se ia
E Kurt na cama se esguia
Se põe rumo à praia mais bela
Do tamanho de sua quantia

Sêo Zé preparou a rede
Atirando no mar com boa fé
E retirou cheia de peixes e esperança
Pensou nos filhos e em seu amor

Kurt pagou e se foi
E já planejava outra vinda
Outra leva de vida boa
Do gole do mar ao banho de pinga

Mas a água de noite se virou
E virou o barco pescador
Jogou Sêo Zé ao mar gigante
Do tamanho da sua coragem

E outra família ficou a chorar
As lágrimas do mar azul
Com areia fofa nos olhos
Com a fome forte do sol
Com o coração tão duro e belo
Quanto o muro de coqueiros

Nenhum comentário: